segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

O iHDi para mim - 30 anos transformando vidas


O iHDi para mim
30 anos transformando vidas

A história da ação social na minha vida é de longa data, posso dizer que até é hereditária. Meus pais já faziam ação social, e isso nas décadas de 60/70.

Atualmente o que tenho feito é participar do IHDI – Instituto Humanização e Desenvolvimento Integral, como tesoureiro voluntário.

Muitas coisas são feitas no IHDI e em 2015 completamos 30 anos “transformando vidas” através do atendimento de 150 pessoas/dia no Centro de Acolhida Estação Bem Estar (EBE), 60 crianças e adolescentes no Centro para Crianças e Adolescentes Estação Adolescer (CCA) e 60 crianças no Centro de Educação Infantil Joel Correa de Ávila (CEI).

Com certeza a minha história se confunde com a ação social e nos últimos anos mais de perto com a do IHDI. Lá pelos anos 60/70 meus pais eram voluntários na Seara, em Avaré, interior de São Paulo e eu ia junto, para “ajudar”. Era criança e participava do que e como podia, nem que fosse apenas vendo o exemplo de meus pais, os quais eram pessoas simples, para não dizer pobres, e buscavam ajudar os mais pobres.

Um tempo depois da morte de meu pai, nos mudamos para a capital do Estado e passei a frequentar a IPI do Ipiranga, a qual em 1985, juntamente com outras pessoas e eu, fundamos o então Lar Evangélico de Assistência à Criança “Joel Correa de Ávila”.

Para início das atividades, a igreja cedeu gratuitamente, como o faz até hoje, o espaço e fomos atrás de outros recursos, quer financeiros, quer materiais, quer humanos.

No início atendíamos apenas crianças carentes, mas com o convênio com a prefeitura e nos tornando CEI, que é uma escola pública, isso deixou de ser possível. Passamos então a atender crianças em idade pré-escolar, carentes ou não, por força do convênio.

Ampliando as atividades e em 1992 iniciamos o CCA, no entanto, aqui podemos triar por critérios de necessidades econômicas, uma vez que o vínculo é com a Assistência Social. Por exigência da prefeitura, alguns anos depois, tivemos que separar fisicamente as duas unidades.

No início dessa divisão a igreja continuou cedendo espaços às duas unidades, pois ela tinha áreas para isso. No entanto, por causa de suas necessidades, a igreja vendeu um dos imóveis, levando-nos a alugar uma área específica para o CCA e a custearmos esse valor.

Na Estação Bem Estar, fundada em 2003, passamos a atender pessoas em situação de rua. São pessoas com necessidades muito diferentes e específicas das crianças e adolescentes atendidos.

A EBE atende apenas adultos. Crianças somente são aceitas quando acompanhadas de pelo menos um dos pais. Lá essas pessoas podem ter, além de acolhimento pessoal, local para lavar roupas, fazer as refeições, parar o carrinho, dormir e muito mais.

Não é apenas o cuidado físico que é importante na EBE. Lá também o convivente pode ter apoio psicológico, espiritual, orientação para busca de um emprego, ajuda para recuperar ou fazer seus documentos e sem sombra de dúvidas, uma força para voltar aos laços da família.

Com certeza eu teria muitas histórias para contar, mas aqui não há espaço e se você quiser conhecer algumas delas, pode acessar nosso site.

Eu não trabalho diretamente com as pessoas com as quais atendemos, mas mesmo assim sei que faço parte, pois contribuo financeiramente e com meu tempo. Também tenho certeza que nosso trabalho é grandioso, mesmo atendendo poucas pessoas, porque não temos a pretensão de acabar com os problemas do mundo, mas sonhamos em resolver o mundo de problemas de apenas algumas pessoas!

Aproveite para curtir nossa página www.facebook.com/ihdi.org.br e se quiser saber mais visite nosso site www.ihdi.org.br e se achar quer esta história vale a pena ser dividida compartilhe www.bit.ly/ihdiparamim

Lucas Brizzola
28/12/2015



terça-feira, 30 de junho de 2015

Parada da provocação ou do clamor?

Parada da provocação ou do clamor?



Protestar contra a homofobia também é um direito legítimo, mesmo porque faz parte da liberdade de expressão, assim como ser contrário ao homossexualismo, porém há limites para ambos.

A edição da Parada Gay em São Paulo no dia 07/06/2015, fez a maior provocação e protesto contra o que eles consideram homofobia e levou essa expressão, para alguns ao extremo da ofensa, ao colocar lésbicas representando o Cristo crucificado.

Isso provocou reações variadas dos evangélicos, mas todas elas de repúdio, em menor ou maior grau. Alguns retornaram as ofensas com ofensas e outros foram mais comedidos.

Enquanto os contrários à fé cristã estavam metendo o pau na igreja, nós ainda íamos aceitando sem grandes problemas porque se entendia que a igreja atacada era a instituição humana, e por sinal, bem humana, mas agora a coisa mudou de figura.

Ainda que alguns entendam que o que apresentaram tenha sido apenas uma afronta a um símbolo, não é de todo verdade. O símbolo na verdade foi utilizado para afrontar aquele que é representado pelo símbolo, a Igreja! Ops, não seria o Cristo?

Aqui que está a grande enrascada. Quando o Cristo foi afrontado através daquela simbologia, a Igreja, não aquela humana, nem a Católica, nem a Evangélica, foi afrontada, mas aquela que é o corpo de Cristo. A Igreja que é o próprio Cristo, a Igreja que é chamada de invisível e, infelizmente, assim o tem ficado!

Devemos nos lembrar que quando Jesus encontrara Paulo no caminho de Damasco a pergunta foi: “por que você está me perseguindo?” Como assim? Paulo não estava perseguindo a igreja? Pois é, Jesus se identifica com ela [1] e depois Paulo vai dizer em suas cartas que Jesus é o cabeça da Igreja [2]. Se Jesus é o cabeça e a igreja corpo e se um ser com essa figura de linguagem só é completo com cabeça e corpo, então a Igreja é Jesus!

Ao longo dos anos a teologia classificou a igreja em duas partes, a visível, que é aquela dos membros que encontramos arrolados em um livro ou, nos tempos atuais, num banco de dados, e a invisível, que é aquela dos pecadores arrependidos e que receberam o presente da vida eterna e tem seus nomes arrolados no livro da vida, lá no céu, independentemente do livro da terra! Ora, Jesus não faz essa distinção!

Justamente porque Jesus não faz a distinção é que nos encontramos nessa grande enrascada. Não deveria haver igreja visível e invisível. A visível deveria representar fielmente a invisível, o que, infelizmente não acontece e pior, nós, da visível, temos escondido a invisível.

Esse esconder da invisível pela visível pode ser visto por essa situação na Parada Gay porque a afronta foi ao Cristo, mas quem expressou a contrariedade ao homossexualismo foi a igreja!

Num certo aspecto isso é bom, porque demonstra essa estreita relação, que realmente deve existir entre a igreja e Cristo, mas é ruim porque a igreja não conseguiu expressar os aspectos acolhedores de um Cristo que recebe o pecador no estado em que se encontra e tem tentado enfiar goela abaixo as verdades transformadoras da salvação.

Jesus veio para buscar e salvar o perdido e isso inclui os homossexuais, como também os adúlteros, mentirosos, corruptos e um montão de hipócritas. Mesmo que cada um desses, ou de outros tipos, acreditem que essas ou outras coisas não o sejam problemas para a entrada no Reino de Deus, a realidade não mudará simplesmente por não se crer nela! [3]

A igreja visível também se esqueceu de que Jesus veio para os doentes e que os são não precisam de médico. Sei que agora o homossexualismo não é mais considerado doença, mas o que isso muda? Não estamos tratando de doença física ou emocional, mas de espiritual. E não será a medicina ou a psicologia que vai ditar o que é ou não é doença espiritual, mas, para nós, é a Bíblia. É disso que estamos falando! [4]

Houve também o esquecimento de que Jesus recebeu em seu grupo pessoas com as mais complicadas situações da vida. Prostitutas, que daqui a pouco vão dizer que a igreja é cipridofóbica (que é difícil até de achar no dicionário), corruptos, adúlteros, e por aí vai, foram aceitas como discípulas de Jesus e por que não homossexuais?

No entanto, todos ainda se lembram e os homossexuais querem ficar de fora, Jesus não pediu, mas exigiu, mudança de vida! Não importa o pecado a que estejamos atrelados, dos mais horrendos, como o assassinato, pedofilia, aos mais tolerados, como a mentira ou a gula, de todos eles Jesus exige arrependimento e abandono. O homossexualismo é apenas um deles, queiram eles aceitar ou não. [5]

A Igreja, e muito menos Jesus, o Cristo crucificado, nunca deixaram de ter suas mãos estendidas para qualquer pecador que deseje o arrependimento e a mudança de vida. Aqueles que estão na igreja já passaram por essa transformação e continuam passando, isso é um processo e, muitas vezes, árduo e doloroso, mas necessário, porque Jesus exige transformação, não simplesmente porque ele a quer, mas porque ele ama aquele que precisa dela e porque ele dá todas, sim, todas, as condições para isso, aliás, ele opera a transformação. [6]

Se hoje a Igreja ou o Cristo são considerados homofóbicos, não é porque o são, mas porque os homossexuais querem continuar em suas práticas e obterem a aprovação para o seu pecado. Mas para quê? Para que querem a aprovação da igreja? Mesmo que a igreja o aprove, isso nunca mudará o fato do pecado, porque não é a igreja que define o que é e o que não é pecado, mas sim Deus através da Bíblia.

Nesse caso podemos pensar que as manifestações de domingo não foram provocações ou protestos contra a Igreja ou contra Cristo, mas foram um clamor daqueles que querem ser aceitos por um Deus que os ama, mas odeia o pecado deles. Devemos olhar para essas pessoas como quem clama: “Cristo, venha me salvar! Só você poder mudar a minha situação.”

Por fim precisamos aprender com os eventos e não simplesmente criticá-los. Precisamos aprender que a Igreja precisa continuar lutando contra o pecado, seja ele qual for, esteja ele dentro ou fora dela, mas acima de tudo, a Igreja precisa mostrar que está aberta para receber qualquer tipo de pecador, pois será mais um além dos que já estão dentro e deve se preparar para isso. A igreja visível precisa mostrar que há um Cristo além daquele que odeia o homossexualismo, há um Cristo que ama, ama muito, ama de tal maneira o homossexual que até morreu na cruz por ele!

[1] – Atos 9:4-5
[2] – Efésios 4:15 e 5:23
[3] – Romanos 1:26-27; 1 Coríntios 6:9; Gálatas 5:19-21; Efésios 4:25
[4] – Mateus 9:11-13
[5] – João 5:14; 8:11; Efésios 1:4; 5:3; Colossenses 1:21-23; I Pedro 1:14-16
[6] – 1 Coríntio 10:13; Tiago 4:7


Lucas Brizzola
19/06/2015

Este texto também foi publicado na edição de Agosto 2015, pg 25, de "O Estandarte", órgão oficial da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil. Ano 123 - nº 08.